(Parte 2)
Para dar sequência aos pilares de libertação das amarras que nos fazem sofrer, hoje falarei sobre o terceiro pilar em que escolhi o tema DESAPEGO, desapegue-se das coisas materiais, segundo o Barão de Itararé, “a única coisa que a gente leva dessa vida é a vida que a gente leva”. Isso não quer dizer que você não deva almejar bens para o seu conforto, mas adquiri-los não pode se tornar o único propósito de sua vida. Desapegue-se das pessoas. Apesar de sermos seres relacionais, temos que buscar nossa realização por nós mesmos, enquanto indivíduos, e não depositar no outro a missão de alcançar a realização para nós. Precisamos compreender que as pessoas não nos pertencem, ou seja, ninguém é de ninguém; quando somos tomados por esse sentimento, sofremos, pois vivemos cobrando constantemente do outro carinho, atenção, afeto, amor e, por isso, muitas vezes não aceitamos o término de uma relação. É esse sentimento de posse que gera violência e ciúmes nos relacionamentos conjugais. Quando nos livramos do sentimento de posse, o ciúme simplesmente se esvai. Para conseguirmos isso, é preciso abnegação e desprendimento de si e do outro, pois, quando nos amamos, nos desvencilhamos de atitudes de tolhimento em relação ao outro. Com a maturidade, percebi que muitas vezes confundimos apego com amor, e hoje vejo que esse sentimento negativo não passa de carência afetiva. O amor verdadeiro, por outro lado, significa encorajar sempre o crescimento do outro, além de dedicação, companheirismo e renúncia mútua em algumas situações. Quando conseguimos desapegar, o sentimento de liberdade é maravilhoso! A convivência torna-se harmoniosa e aumentamos a confiança no outro. Uma das atitudes que tomei em meu relacionamento conjugal e que propiciou leveza em nossa convivência foi parar com as cobranças e os julgamentos. Querer saber o tempo todo o que o outro está fazendo, está lendo, está olhando no celular, aonde foi, com quem foi, por que demorou, por que não avisou, ufa! Isso sufoca qualquer um. E, quando criticamos o tempo todo a conduta do outro em um relacionamento querendo que este se adeque ao que julgamos correto, não estamos respeitando a sua personalidade. É preciso lembrar que, quando o conhecemos, ele já tinha essa conduta. Nesse aspecto, se pararmos com tais atitudes, não sofreremos mais. Eu digo com propriedade, pois fiz isso e senti a diferença no meu relacionamento. Embora eu não agisse dessa forma o tempo todo, sufocava esse sentimento internamente quando percebia que estava exagerando, mas era um sentimento que me afligia e me entristecia profundamente. Pena que só tive essa percepção depois de ter passado por tantos momentos ruins conforme compartilhei com vocês, senão teria começado a viver de forma tranquila e harmoniosa há mais tempo. Às vezes fico pensando se eu despertaria para esse novo olhar sobre a vida caso não tivesse passado por tantos momentos traumáticos. Mesmo assim, acredito que nós podemos aprender com os erros e as experiências dos outros, razão de dividir com vocês a minha história de ascensão, sofrimento e o caminho para o processo de superação, pois poderá auxiliá-los a rever as próprias atitudes para que não passem pelo que passei. Vivamos com simplicidade, pois as verdadeiras riquezas que preservaremos são as da alma. Adotem essa atitude e perceberão nitidamente a diferença. O desapego de tudo o que lhe faz mal leva ao autoconhecimento, fato que implica a libertação das amarras que nos fazem sofrer.
“A única coisa que a gente leva dessa vida é a vida que a gente leva”.
(O caminho da superação – páginas 97,98 e 99)



