Quando passamos por momentos dolorosos de sofrimento, despertamos para o que realmente importa na vida. Descobrimos o poder da essência humana e começamos a compreender o nosso “eu interior”. Essência é uma palavra que vem do latim essentia e, conforme o dicionário (MICHAELIS, 2008), significa a natureza íntima das coisas, ideia principal, significado especial, ou seja, indica a natureza, substância ou característica fundamental de uma pessoa ou coisa. Esse termo revela a nossa verdadeira identidade, mas no afã de vivermos uma vida encantada a desvirtuamos, pois somos seduzidos pelas tendências globais de comportamentos individualistas e conduzidos pelo desejo coletivo de não aceitação da nossa identidade cultural. Quando me refiro à identidade cultural, englobo o todo, ou seja, não nos identificamos com o que temos ou somos. Sempre o do outro é melhor. Por causa da massificação social, nós nos comparamos e acreditamos que devemos ter exatamente os mesmos padrões, condicionando-nos a seguir o modelo ideal de vida. Temos o direito à igualdade de oportunidade, pois somos iguais perante a lei, mas sempre devemos respeitar a diversidade de credo, raça e gênero. Isso ocorre desde as idiossincrasias (características comportamentais peculiares) de um povo em que se valoriza sempre uma nação estrangeira em detrimento da própria e vai até a não aceitação física. É curioso perceber o quanto somos vulneráveis às expectativas exigidas pela sociedade. Vivemos em constante luta com a nossa essência, pois precisamos nos enquadrar nos padrões que nos são impostos, muitas vezes impossíveis de conquistar. Sei que são constatações relativas ao meu ponto de vista, mesmo assim, não descarto todos os conceitos sobre a essência humana. Nas minhas inquietudes pela busca de realização pessoal, eu me perdi no meio do caminho, pois não consegui dosar as minhas dimensões intelectuais, sociais, físicas e espirituais, e, consequentemente, fui sugada pelo abismo das fraquezas humanas. No entanto, depois do que passei, consegui compreender em que consiste a verdadeira essência humana e, com isso, venci minhas limitações aprendendo a reconhecê‑las, entendendo que não preciso ser a melhor em tudo que faço, mas que devo, sim, fazer o meu melhor sem competir com o outro. Estamos aqui para nos desenvolvermos juntos; depois que entendi isso, consegui impulso para sair do abismo.
(O caminho da superação, pág. 77e 78)
“Sinto que o meu olhar sobre a vida mudou. A percepção de conexão com o todo é muito forte. Tudo o que eu vivenciei na minha trajetória foi importante para a compreensão da minha verdadeira essência”.

