A depressão grave já estava instalada em meu ser quando lutava contra o câncer de tireoide, eu apenas não havia dado total vazão a ela. Também sofri com síndrome do pânico e outros transtornos psiquiátricos que me levaram ao fundo do poço.
Não conseguia mais sentir alegria de viver, não queria sair de casa, não queria nem tomar banho, pois nada fazia sentido para mim. A atenção com os cuidados de higiene pessoal simplesmente, havia sumido, eu só dormia e ingeria rivotril entre outros medicamentos psiquiátricos. Vivi esse processo de deterioração interior e exterior por mais de dois anos. A depressão foi tão grave que fui internada por dez dias num hospital psiquiátrico. Isso aconteceu, pois cheguei ao ponto de pensar em suicídio. Numa noite em que estava sozinha com meu amado filho em casa, fomos dormir e eu não parava de chorar, um sentimento de tristeza profunda me abateu e uma voz ecoava em minha mente: “ingira todos os seus medicamentos para ir embora deste mundo cruel. Aqui não é para você. Ninguém se importa com você, ninguém liga para o seu sofrimento”. Então eu levantei, peguei meus frascos de comprimidos, eram vários, e havia decidido que ia ingeri-los, mas de repente tive a impressão que alguém virou meu rosto para o lado do meu filho e me disse:
___ Olhe para o seu filho, você terá coragem de abandoná-lo? Pense nele antes de cometer tal barbárie. Pense no sofrimento que causarás a esta pequena criança que depende de você. Reflita com calma, pois esse ato marcará para sempre a vida dessa criança e de toda a sua família. Após ouvir o meu subconsciente, olhei para o meu filho e, um sentimento de amor profundo tomou conta de minha alma novamente, abracei-o e chorei inconsolavelmente. Pedi perdão pelo que estava prestes a fazer. Naquele momento decidi que nunca mais pensaria em tal desatino!
Com esse acontecimento entendi que o suicídio é um ato de desespero e perturbação humana. Tive clareza que, quando concretizado, torna-se um ato impensado, pois esquecemos do sofrimento das pessoas que ficam. Foi assim que aprendi que para superar a depressão devemos nos livrar das amarras que nos fazem sofrer, entre as quais: a necessidade constante de aprovação, querer enquadrar-se aos padrões estabelecidos pela sociedade, acreditar que a felicidade se resume às realizações profissionais, convém ressaltar que esses sentimentos são retrato de traumas da infância e adolescência . Enfim, aprendi que precisamos fortalecer a nossa espiritualidade e preencher o nosso coração de amor. O perdão é outro ato que nos engrandece, pois liberta a nossa alma de sentimentos tóxicos. De um modo geral, as profundas transformações só acontecem quando entendemos o verdadeiro sentido da vida. Hoje eu entendi e estou mais serena, leve e em paz.